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Braco Alemão
Sinônimo de polivalência


Com tanta qualidade como bem dotado, o braco alemão é um dos continentais mais dotatos para o exercício da venatória, retitrando a máxima rentabilidade da sua herança das melhores raças de parar. É a polivalência feita cão, caçando tão bem ao pêlo como à pena. É um verdadeiro espetáculo , com muitos e variados atos. Assim, quando percebe uma emanação afastada, passa do galope ao trote até ficar em mostra.


Atleta na caça

portugal4.jpg (19130 bytes)Na descrição da caça com braco alemão refir-me-ei a exemplares de boa qualidade e bem dotados para a mesma, no que respeita à descrição das suas ações de caça e estilo. É um continental muito bem dotato para a caça à perdiz e afins, trabalhando em campo aberto esta caça. Nela aflora a sua herança das melhores raças de cães de parar.

Tem uma boa capacidade olfativa e de análise da emanação distante, o que faz com que os bons exemplares, caçando contra o vento, mantenham a cabeça alta na busca, com freqüência acima da linha dorsal, o que lhes facilita a localização da caça.

A sua constituição atlética proporciona-lhe resistência, que aliada à sua dureza física e de caráter, fazem com que se adapte bem a condições extremas e por vezes extenuantes. Deve caçar realizando laços que, sem se deter e ao ritmo de caça do proprietário, garantem a boa exploração do terreno, sem insistir em pormenores nem percorrer várias vezes o percurso, passando de cada vez a tiro, de modo a que o caçador possa chegar com facilidade à mostra.

A paragem do braco alemão na sua forma típica, deve ser firme e segura, na posição de pé, por vezes com uma uma pata fletida, cabeça alta e pescoço estendido para a origem da emanação, o corpo rígido em tensão e a cauda imóvel.

Na planície

Na caça em planície, adapta-se tanto ao terreno quanto ao clima, suportando temperaturas extremas, como por exemplo o calor do Alentejo na caça à codorniz e o frio das estepes russas ou a taiga finlandesa (é um cão muito popular em ambos os países).

Nos EUA, onde esta raça é muito abundante, caçam-se vários tipos de colins e codornizes, assim como a perdiz chikar e o faisão, frequentemente em terrenos de pastos altos, por vezes a cavalo, onde o cão deve efetuar uma busca rápida e de laços muito amplos, devendo manter a mostra e bloquear a peça até a chegada do caçador.

Expo0041.jpg (23739 bytes)Caça tradicional

Está muito bem dotado para a caça tradicional em nosso país (Portugal).

Na caça à codorniz em restolhos de cereal e em pastos, tem uma certa tendência para baixar o porte da cabeça, como todas as outras raças.

Um par destes cães que nos façam percursos amplos e estejam bem conjugados são uma verdadeira delícia para os aficcionados.

Calor e dureza

A sua resistência, dureza e capacidade de adaptação ao calor, tornam-no adequado para a caça à perdiz não só na planície como também no mato, mesmo na serra e em terrenos muito acidentados e pedregosos.

É convicção geral que o controle de emanações que os bracos alemães executam no solo, provém de serem educados e selecionados para seguirem o rastro de sangue. Esta opinião não está bem fundamentada, uma vez que há outras raças de cães de parar afastadas dos costumes e circunstâncias dos rastros de sangue, que também o fazem.

Estes controles são uma ajuda às dúvidas do cão na busca da caça. Efetua-os nos locais onde as aves estiveram paradas, ou no rastro de caça de pêlo.

Os exemplares bem ensinados não perdem muito tempo e seguem de cabeça alta à procurada emanação afastada.

O cão treinado no rastro de sangue e na caça de perdizes ou faisões, distingue muito bem entre estas situações diferentes e é capaz de realizar a busca com o melhor porte de cabeça, como se demonstra facilmente ao ver atuar um exemplar de qualidade.

Porte

portugal5.jpg (23013 bytes)Do que não restam dúvidas é que se o cão for direcionado para a caça de pêlo e esta se tornar sua favorita, baixará significativamente o porte da cabeça com o objetivo de localizar o rasto das lebres ou coelhos, aos quais tentará sempre perseguir em corrida, instinto este que deverá ser dominado através de adestramento.

Requer também boas condições físicas, tamanho e poder para a  raça da perdiz e do faisão nas beterrabas, como se faz em muitos países europeus onde a utilização do braco alemão está bastante divulgada.

Estas beterrabas, por vezes muito crescidas, estorvam e fatigam bastante os cães, pelo que é necessário utilizar exemplares resistentes. Também devem ser cães muito seguros e com um bom olfato para decifrar as contínuas evoluções do faisão que foge a pés sem cessar.

A capacidade para este tipo de trabalho, sobretudo no que diz respeito ao trabalho do cão até ao momento do disparo, pode ser contemplado nas provas de Field Trial de Primavera e Outuno; nestas últimas também se pode apreciar a aptidão para o cobro.

No bosque

A galinhola, espécie migratória, e o urogalo, no nosso continente e nos EUA e Canadá, e ainda o grouse, são o objetivo do nosso cão, que pelas sua capacidade de adaptação a condições muito diferentes, dá magníficos resultados.

Na Europa Central também é utilizado para bater o bosque, à procura de peças de caça maior e menor, levando-as até aos caçadores que as aguardam nas orlas.

É ensinado a trabalhar os pequenos bosquem em toda a sua amplitude, voltando com freqüência ao local onde está o caçador para ver se há novas ordens.

Também é ensinado a caminhar junto ao caçador, que leva as mãos livres para poder manejar sua arma, através de uma guia especial na bandoleira, que o cão não deve enredar nas árvores.

Aquáticas

german.JPG (21793 bytes)Por constituição é um bom nadador. A separação entre os ombros é maior que noutras raças, facilitando a resistência e estando desde a sua origem preparado e selecionado para esta tarefa.

As provas n'água dão-se desde os níveis mais elementares. Deve procurar entre a vegetação e na margem, e desalojar as aves que ali se encontram, deve também seguir o rastro que estas deixam na água, feridas ou vivas, e no final cobrá-las ou fazê-las voas para que possam ser abatidas.

A sua aptidão é comprovada nas provas polivalentes onde se avalia a capacidade de busca, o seguir o rastro na água sem ver a ave, e o cobro efetuado com eficácia e correção.

Os cachorros devem habituar-se à água muito cedo, fazendo com que a natação seja uma brincadeira. A entrada na água do cão adulto, deve ser franca, sem hesitações, com decisão, independente da temperatura. O cão deve ser habituado a nadar com freqüência, o que melhorará sua natação, deixando de chapinhar como os cães novatos.

Para a criação não devem ser aproveitados exemplares que recusam entrar na água. É fundamental o caráter e o equilíbrio do cão destinado a estas tarefas.

Caça maior

portugal3.jpg (20771 bytes)Utiliza-se há muitos anos em seu país de origem nas batidas tanto de corço como de javali e, claro, na caça de aproximação e nas esperas como cão de sangue. As suas qualidades neste campo vêm-lhe dos cães de sangue alemães, verdadeiros especialistas nesta matéria: o sabujo da Baviera e o de Hannover. Costuma ser um cão muito valente. Um aficcionado russo de São Petersburgo mostrou-me recentemente uma imagem de um braco alemão fazendo frente a um urso pardo.

O rastro de sangue custa muito a ensinar, há que trabalhar o cão com uma guia comprida de rastro sobre uns 40 ou 50 rastros diferentes com sangue num comprimento semelhante ao das provas (500 ou 800 metros nas mais elementares) para chegar a uma boa prestação. Os animais nervosos, muito excitáveis e com problemas de caráter, não conseguirão, na sua maioria, fazê-lo bem.

Este trabalho de encontrar o trajeto entre 2 gotas de sangue separadas mais de um metro e meio, requer um cão ponderado e tranquilo, com grande segurança no seu nariz.

A parte final deve ser realizada em busca livre, sem guia, chegando à caça e, de acordo com o seu treino, irá latir até a chegada do seu dono ou voltará com um testemunho que tenha mordido como sinal, conduzindo em seguida o dono até seu achado.

Recomendações

Para os aficionados que se iniciarem nesta disciplina, recomendamos que o façam em locais sem gado, sem qualquer outro tipo de rastros de caça maior, utilizando, no início, sangue de porco com um anti-coagulante como o citrato de sódio.

Deve-se terminar cada exercício, que consiste em princípio em fazer seguir um rastro cada vez mais difícil num simulacro do animal morto, por exemplo, uma pele de javali, premiando o cão e complicando o rastro pouco a pouco e aumentando a distância entre as gotas de modo a formar ângulos ao longo do percurso.

Também antes do disparo, nas aproximações e esperas um animal bem equilibrado pode ser uma grande ajuda. Levem os vossos cães a estas excursões cinegéticas e não se arrependerão.

Funções de retriever

O trabalho posterior ao disparo é de primordial importância para todo o caçador que se preze. O braco alemão desde o seu início como raça foi selecionado nesse sentido por caçadores que detestavam deixar animais feridos no campo.

Este trabalho está contemplado na sua estrutura, uma nuca musculosa, umas mandíbulas sólidas e uma constituição atlética permitem-lhe transportar durante muito tempo e através de obstáculos pesos elevados como, por exemplo, uma raposa adulta.

Lindona.jpg (20972 bytes)O cobro "de asa" sempre foi uma qualidade desejada pelo bom caçador. Esta raça está particularmente bem dotada para isso.

A questão é que cobra com grande avidez, paixão e segurança.

Testemunhei muitas vezes lances com lebres e coelhos mal feridos, ao ponto do atirador não o notar, em terreno muito seco, de mato rasteiro ou lavradas e vinhas com parras caídas; o cão saiu em sua perseguição desaparecendo largos minutos da nossa vista pondo-nos nervosos, para no final, aparecer novamente com a peça na boca.

Quando se caça em serras às perdizes é importantíssimo o cobro, já que muitas vezes se caça em barrancos e declives, caindo as mesmas frequentemente muito afastadas e em zonas pedregosas, com fragas e carrascais, perdendo-se muita caça se não dispusermos de um cão que consiga cobrar bem de asa.

Nestas circunstâncias pude comprovar as grandes qualidades olfativas do braco alemão.

Nas populares caçadas de tordos à passagem ou de rolas e pombos torcazes, um bom cão de cobro é um grande auxiliar, necessitando de ser equilibrado para aguentar as esperas e não estorvar mostrando-se ao olhar atendo das aves, que ao mínimo indício mudam de direção.

O seu pode olfativo para encontrar a caça que a maioria das vezes cai entre o mato é primordial, também o sendo a avidez de encontrar, a memória e a inteligência.

Antonio Fernandes, publicado na revista "Caça e Pesca", Ed. UVR, Fevereiro/99

Canil do Balaco Braco usa e recomenda