Braco Alemão exibe sua elegância no Vale
Cão de Caça comum na Europa e Estados Unidos é incomum na região; São José dos Campos tem fêmea de "família boa"
Veloz, elegante, ótimo caçador e muito ativo. Essas são algumas das características de uma raça que está chegando na região, o Braco Alemão de pêlo curto -- Kurzhaar. A cadela Alanis, de quatro meses e que vive em São José dos Campos, é um dos primeiros exemplares da raça no Vale.
Alanis veio do canil Balaco Braco, de São Paulo, adquirida pelo diretor da escola de idiomas CCAA de São José, Marcos de Carvalho Ferreira. A cachorra vem de uma família na qual quase todos são premiados em competições de padrão da raça. Sua mãe é a melhor fêmea da raça em todo o Estado.
A história da raça está totalmente ligada à caça. Segundo o canil Balaco Braco, o cão é de uma das raças mais populares na Europa e Estados Unidos, especialmente nos países em que a caça esportiva é permitida. Na Espanha, está na 11ª colocação entre as raças mais registradas na entidade nacional de cinofilia espanhola.
Segundo dados do canil, o Braco Alemão ou Pointer Alemão foi desenvolvido na Alemanha desde o século 17 por criadores que buscavam um cão que pudesse ser usado em diversos tipos de caçadas, tanto para animais de penas como de pêlo. Além disso, que fosse hábil apontador na terra ou água e, principalmente, rápido.É conhecido também como Kurzhaar e tem sua origem ligada aos pointers espanhóis, ao Foxhound de quem herdou a velocidade e ao Bloodhound, cuja herança foi o faro invejável. Segundo outras fontes, o Pointer Alemão foi o desenvolvido a partir de cruzamentos do Braco Italiano e de cães caçadores espanhóis.
Além disso, o Braco é um cão bonito e de aparência elegante. De tamanho menor e mais veloz do que o do Pointer Inglês, este versátil caçador foi levado para os EUA apenas na década de 20, e logo tornou-se muito popular, sendo apreciado pelos caçadores por sua resistência e energia.É um cão que foi desenvolvido para caçar perto do dono de quem espera os sinais para "levantar" a caça e trazê-la intacta. No Brasil, em função das restrições à caça é pouco conhecido, mas os poucos criadores são apaixonados pela raça.
Segundo o padrão oficial da Confederação Brasileira de Cinofilia, a raça Braco tem as cores marrom; ruão e marrom com poucas pintas ou salpicos brancos; ruão com marrom escuro; branco com cabeça marrom, ou preto com as mesmas marcações da cor marrom e ruão. Os machos têm altura de 62 a 66 cm e as fêmeas de 58 a 63 cm.
PROBLEMAS - Segundo o canil, o Braco é um cão rústico que tem poucos problemas de saúde. Deve-se observar a alimentação dos cães, especialmente aqueles que não tem um alto nível de atividade para que não se tornem obesos.
Outro cuidado bastante importante é quanto ao piso, que não deve ser liso, o que pode causar um problema de angulação das patas chamado "jarretes de vaca". O ideal é que o piso seja áspero de cimento ou pedra para que o cão tenha firmeza ao andar.
Cão sabe guardar territórioMesmo não sendo um caçador, o dono da cadela Alanis, Marcos de Carvalho Ferreira, diz estar muito satisfeito com as qualidades da raça. Segundo ele, Alanis está se mostrando que é excelente na guarda da casa.
"Ela é estremamente desconfiada com os estranhos. Não se trata de um cão de ataque e nem a adquiri para isso, mas guarda muito bem seu território", disse. Ferreira disse que ficou até assustado com a capacidade de Alanis "escalar" obstáculos, como telas, por exemplo.
Quanto ao seu extinto para a caça, Ferreira diz que Alanis sempre está atrás de algum bichinho ou inseto que ande perto dela. "Ela quer pegar tudo".
Ele, que era dono de um exemplar da raça Weimaraner, disse que também gosta do lado ativo e brincalhão da raça. "Tenho que tomar cuidado senão ela destrói tudo aqui", disse.
Enquanto aguarda Alanis completar cinco meses no dia 8 deste mês, Ferreira já faz planos para a futura cria da cachorra. "Esta raça dá crias numerosas. Já pensou 10 como ela?", indaga.
Raça se destaca na caçaA proprietária do canil Balaco Braco, Mariana Saliola, disse que a raça está no Brasil há pelo menos 30 anos. Mas, segundo ela, no Vale do Paraíba o Braco Alemão ainda é incomum.
"A raça está mais difundida no Nordeste e Rio Grande do Sul", disse. Neste Estado, onde a caça é permitida, é muito utilizado para esta finalidade.
Mas, para quem não é caçador e gosta do Braco como simples animal de estimação, Mariana dá a dica de nunca deixar o cão "largado" em casa para ser companhia de sofá. "É uma raça de muita energia e inteligência, precisa ser constantemente estimulado e pode participar de longas caminhadas. Caso isso não ocorra, acaba gastando sua energia para destruir coisas", explica.
Segundo Mariana, sua característica de caçador também faz que o Braco tenha uma índole muito sociável e que gosta de crianças. Também é conhecido por ser um cão afetuoso, inteligente e obediente.
Por ser um cão de porte médio, pode perfeitamente viver em apartamentos desde que seus donos possam proporcionar rotineiras sessões de exercícios e caminhadas para que tenham um desenvolvimento físico e muscular adequado.
CANIL - O canil Balaco Braco trabalha com a raça há três anos. Segundo Mariana, o Balaco foi buscar o que há de melhor na criação nacional, sendo que sua matriz tem no sangue os melhores campeões da raça -- todos do canil Vanquisher Thienne, reconhecido pela seriedade de sua criação há 18 anos.
"Do mesmo Vanquisher Thienne, escolhemos o macho, campeão internacional, nacional, panamericano", disse.
Matéria do Jornal 'Vale Paraibano', 02/04/2000
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